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"ALÉM DAS PAREDES SAGRADAS - DESIGREJADOS"

Livro
mulher crente

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CAPÍTULO 1

Introdução aos Desigrejados

Explorando o fenômeno dos desigrejados: quem são e por que escolheram esse caminho.

 

    Neste capítulo, mergulharemos nas profundezas do fenômeno dos Desigrejados, uma comunidade que desafia as convenções eclesiásticas em sua busca por uma espiritualidade genuína e significativa. Quem são essas almas inquietas que optaram por trilhar caminhos menos convencionais, e por que um número crescente de indivíduos escolhe seguir esse caminho?

        

    “Porque o meu povo se perde por falta de conhecimento...” – (Oséias: 4:6ª)

 

    Os Desigrejados são, em essência, buscadores insaciáveis de uma fé que transcende as limitações das estruturas eclesiásticas convencionais. À medida que exploramos suas histórias, é vital compreender os motivos que os conduzem a afastar-se das igrejas tradicionais. Não se trata de uma simples deserção, mas sim de uma resposta a uma busca fervorosa por uma espiritualidade autêntica.

 

    A Ausência de Espiritualidade Genuína nas Igrejas:

 

    Muitos Desigrejados argumentam que as igrejas perderam o fulgor espiritual que caracterizava a igreja primitiva. A ausência de manifestações autênticas do Espírito Santo, curas, sinais e maravilhas, cria uma lacuna na vivência espiritual que essas almas anseiam preencher.

 

    “Pois o Reino de Deus não consiste em comida e bebida, mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo.” – (Romanos: 14:17).

 

    Ao analisar a falta de experiências espirituais profundas nas igrejas modernas, os Desigrejados levantam a questão fundamental: a busca pela justiça, paz e alegria no Espírito Santo perdeu-se no meio de formalismos e agendas humanas?

 

    É profundamente angustiante questionar a realidade de Deus diante das narrativas bíblicas repletas de feitos extraordinários e dos relatos recentes de avivalistas que, no último século, foram instrumentos poderosos nas mãos divinas. As reuniões que congregavam centenas de milhares de pessoas, testemunhando a unção genuína do Espírito Santo, curas, sinais e maravilhas, parecem ter-se tornado fragmentos de um passado distante. As comunidades cristãs, em sua pluralidade, agora parecem ser meras contadoras de histórias, distantes da vivacidade espiritual que outrora as caracterizava.

 

    “Então, vocês verão novamente a diferença entre os justos e os ímpios, entre os que servem a Deus e os que não o servem.” – (Malaquias: 3:18).

 

    Ao refletir sobre esta realidade, talvez, prezado leitor, você seja alguém de fé inabalável, que continua acreditando nos feitos do Senhor e na Sua atuação nos dias de hoje. Talvez, suas motivações e frustrações pessoais o tenham conduzido a explorar as páginas deste notável livro. Somente o Senhor conhece os motivos profundos que o trazem até aqui.

 

    Entretanto, é inegável que situações como as mencionadas anteriormente têm levado muitos a uma encruzilhada espiritual. A propensão de nossas igrejas se tornarem meros depósitos de narrativas, ao invés de locais de experiências vivas, não apenas resultou na emergência dos "desigrejados", mas também tem sido um fator determinante para a apostasia de muitos. O desencanto com a falta de manifestações divinas tem levado alguns a desviar-se do caminho do Senhor, entregando-se aos atrativos pecaminosos oferecidos pelo mundo, adentrando pela porta larga.

 

    “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar.” – (Mateus: 23:13)

 

    Este problema transcende a superficialidade e adentra nas profundezas de nossa geração. Somos bombardeados incessantemente por uma cultura fictícia, seja através de livros, histórias ou filmes, onde heróis manifestam poderes extraordinários, explosões e feitos inimagináveis ocorrem constantemente. Imagine uma geração imersa nesse cenário, moldada por tecnologias que incessantemente manipulam nossas mentes e pensamentos, liberando dopamina instantânea em nossos cérebros.

 

    Nesta etapa de nossa jornada, adentramos o âmago da inquietação espiritual que permeia a geração contemporânea. É uma era em que centenas de milhares adentram as igrejas a cada fim de semana, ouvindo histórias de um Deus que agiu no passado, mas, quando esperam ver Sua manifestação hoje, encontram apenas um vazio. Enquanto escolhem entre narrativas de um Deus que agiu milhares de anos atrás e a irresistível chamada dos super-heróis que realizam feitos inimagináveis nas telas de cinema, a inclinação desta geração torna-se uma questão premente.

 

    “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos.” – (Isaías: 61:1).

 

    A responsabilidade por essa encruzilhada recai sobre nós, pastores e líderes, que inadvertidamente perdemos o tesouro mais precioso dentro de nossas igrejas: a presença manifesta de Deus. A comunhão genuína e a unção nascida da intimidade com o Pai foram, em muitos casos, substituídas por histórias que, por mais inspiradoras que sejam, não conseguem preencher o vazio espiritual que a geração busca preencher.

 

    Somos culpados, conscientemente ou não, pela frustração que toma conta daqueles que buscam mais do que meras narrativas. Esta geração, muitas vezes, encontra nas histórias dos super-heróis da cultura popular uma resposta mais vívida do que na narrativa divina compartilhada em nossos púlpitos. A culpa, portanto, reside não apenas na ausência da presença de Deus, mas também na nossa incapacidade de oferecer mais do que contos e fábulas.

 

    “Ai de mim, se não pregar o evangelho!” – (1 Coríntios: 9:16b).

 

    A desolação experimentada por muitos leva não apenas à saída das igrejas, mas, tristemente, às tragédias de vidas perdidas para o mundo, desviadas da salvação. Como líderes espirituais, carregamos o fardo de não ter oferecido mais do que histórias. Esse peso nos impele a uma reflexão profunda sobre o significado do ministério e a urgência de restaurar o foco na verdadeira essência da fé cristã.

 

    A pergunta ecoa no silêncio dos corredores das igrejas: Como a presença de Deus pode ecoar pelas ruas de nossas cidades se ela mal se manifesta nos espaços sagrados de nossos templos? O desafio é iminente, e a resposta não reside apenas na recuperação das histórias de milagres, mas na restauração da intimidade, comunhão e unção que são geradas através de um relacionamento íntimo com o Pai celestial.

 

    Neste capítulo, somos confrontados com a necessidade premente de reconectar nossas igrejas à presença viva e atuante de Deus. Esta é uma jornada de retorno à essência da fé cristã, onde a presença divina não é apenas um relato do passado, mas uma realidade que ecoa no presente, transformando vidas e ecoando pelas ruas, proclamando a libertação e a esperança tão necessárias nesta geração ávida por experiências autênticas com o divino.

 

    A Falta de Amor e Caráter nos Líderes Religiosos:

 

    Outro ponto-chave abordado por esses buscadores é a crescente falta de amor genuíno e caráter nos líderes religiosos.

 

    Versículos como:

 

     “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” - (Mateus: 22:39)

 

    São confrontados pela realidade de líderes que, em alguns casos, priorizam agendas pessoais, poder e riqueza em detrimento do rebanho que deveriam pastorear com amor.

 

    “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?” – (Marcos: 8:36).

 

    A ênfase desmedida na prosperidade financeira, relegando a segundo plano a busca sincera pela salvação da alma, tornou-se uma trama frequente nas histórias dos Desigrejados. Surge a inquietante indagação: a salvação da alma foi suplantada por uma busca desenfreada por conquistas materiais?

 

    “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam.” – (Mateus: 6:19).

 

    A ganância humana por riquezas é inquestionável, um fato que todos reconhecemos. Grandes líderes religiosos, cientes desse aspecto da natureza humana, exploram essa inclinação, transformando suas comunidades em verdadeiros centros de arrecadação. Uma prática que, surpreendentemente, remonta aos tempos de Jesus.

 

    Na passagem bíblica que registra a indignação de Jesus diante do comércio no templo, observamos que, mesmo naquela época, e provavelmente por muitos séculos antes, as pessoas utilizavam os templos e a fé para obter lucro. Jesus, em sua clareza, demonstrou o quanto isso era abominável aos olhos divinos.

 

    “E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores." – (Mateus: 21:13).

 

    Hoje, testemunhamos líderes religiosos transmitindo cultos em canais de televisão abertos, reunindo uma multidão ávida por ouvir a palavra. Contudo, ao escutar seus sermões, constatamos que, frequentemente, o enfoque recai sobre temas relacionados a dinheiro, promessas de cura e bênçãos materiais. Infelizmente, as intenções muitas vezes distorcidas das pessoas ao se aproximarem de Deus revelam uma troca desvirtuada, longe do verdadeiro propósito da adoração.

 

    “Porque todos buscam o que é seu, não o que é de Cristo Jesus.” – (Filipenses: 2:21).

 

    Num cenário permeado por tais práticas, muitos indivíduos, fiéis mas também racionais e lógicos, se veem diante de um dilema moral. Ao presenciarem essa ênfase distorcida, não encontrando concordância em seus corações e mentes, optam por abandonar as estruturas eclesiásticas, adotando a condição de "desigrejados" ou, em casos mais dolorosos, desviando-se da própria fé.

 

    “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” – (1 João: 2:15).

 

    A saída dessas pessoas, movida pela busca por uma fé genuína e descontaminada por interesses materiais, desafia não apenas a superficialidade das práticas religiosas, mas também desperta uma reflexão profunda sobre a essência da verdadeira adoração e busca espiritual. É um chamado à integridade e à sinceridade, num mundo onde a hipocrisia e as motivações equivocadas minam a pureza da fé.

 

    A falta de oportunidade dentro das comunidades:

 

    Uma das razões que mais impulsiona a saída de pessoas das igrejas é a carência de oportunidades para crescimento espiritual. Essa lacuna frequentemente conduz muitos à condição de “desigrejados” ou até mesmo desviados do caminho do Senhor, envoltos na frustração gerada pelo desejo não atendido de servir com zelo e dedicação.

 

    “Pois, quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido.” – (Lucas: 12:48b).

 

    Em uma de minhas obras literárias, intitulada "Como ser a Pessoa mais Cheia do Espírito Santo da sua Igreja", que tem ecoado além das fronteiras, abordo no nono capítulo a temática do “Propósito”. Surpreendo-me ao receber uma avalanche de e-mails regularmente, provenientes de pessoas que se sentem profundamente conectadas àquele capítulo. Nele, discuto precisamente a questão da oportunidade, ponderando sobre a facilidade excessiva em alguns casos, que desconsidera a unção e o caráter do indivíduo, e, em outros, a rigidez de comunidades que exigem comprometimento extremo, sem conceder espaço para o verdadeiro chamado da pessoa, seja ele pregar, cantar ou profetizar.

 

    Em alguns casos, líderes movidos por inveja, aversão ao estilo ou até mesmo à forma de vestir de outros membros, relegam-nos a um banco de ostracismo, transformando-os em meras "prateleiras", por anos a fio. Isso resulta em uma sucessão de frustrações com a liderança, levando a pessoa a deixar a igreja, criar seu próprio ministério ou, como discutido nos tópicos anteriores, tornar-se desigrejada ou desviar-se do caminho do Senhor.

 

    “E não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” – (Romanos: 12:2).

 

    Este tema, por vezes abafado por líderes cristãos, é pouco discutido, gerando controvérsias e, lamentavelmente, ceifando vidas espirituais. A exclusão baseada em motivos superficiais, como estilos pessoais e preferências, revela uma faceta obscura nas estruturas eclesiásticas, muitas vezes oculta sob a roupagem da autoridade. Trata-se de um assunto que exige nossa atenção, pois sua negligência acarreta perdas incalculáveis para o corpo de Cristo.

 

    É um tema altamente controverso, que demandaria uma profunda análise e reflexão à luz da própria Bíblia. Sem dúvida, seria capaz de preencher as páginas de um extenso livro, dedicado exclusivamente a explorar minuciosamente cada lacuna e buscar possíveis soluções. Crises geradas por instituições religiosas, o qual abordarei algumas no próximo capítulo deste livro.

 

    Concluímos esta reflexão reconhecendo a urgência de abordar a questão do desperdício espiritual e da exclusão injusta nas igrejas. Este é um chamado à introspecção e ao arrependimento, para que as comunidades cristãs possam se tornar verdadeiros celeiros de oportunidades, onde cada membro encontre espaço para florescer em seu chamado divino. Que a luz da verdade e do amor de Cristo dissipe as sombras que obscurecem a jornada espiritual daqueles que buscam sinceramente servi-Lo.

 

    Na trama complexa que envolve os desigrejados, encontramos corações sedentos por uma fé mais autêntica, almas inquietas em busca de um Deus que transcende as barreiras eclesiásticas. Esses peregrinos espirituais, desencantados por narrativas vazias, decidem trilhar caminhos solitários em sua busca pelo divino.

 

    Ao longo desta jornada, exploramos as causas profundas que levam tantos a abandonarem as estruturas tradicionais, descortinando um cenário marcado por lacunas espirituais, oportunidades perdidas, e uma busca incessante por significado. Desvendamos as feridas causadas por lideranças mal orientadas, a sedução do materialismo, e a perda da presença genuína de Deus nas comunidades.

 

    No entanto, mesmo diante desses desafios, vislumbramos possíveis soluções. Ao reconhecermos a importância de oportunidades justas para o crescimento espiritual, da restauração do propósito e da eliminação de exclusões injustas, pavimentamos o caminho para um despertar espiritual.

 

    É hora de repensar as estruturas que afastam em vez de aproximar, de oferecer oportunidades reais de serviço e crescimento, e de reacender a chama da verdadeira comunhão. Neste desafio, vislumbramos um renascimento espiritual, onde o amor e a verdade prevalecem sobre as sombras da controvérsia.

    

    Que esta reflexão não apenas revele as complexidades dos desigrejados, mas inspire mudanças significativas nas comunidades de fé. Que a busca por uma fé autêntica e transformadora encontre espaço nos corações e mentes daqueles que anseiam por um encontro mais profundo com o divino. Que, ao final desta jornada, possamos vislumbrar uma igreja restaurada, acolhedora e verdadeiramente alinhada com a essência do Evangelho.

 

 

CAPÍTULO 2

Crises na Instituição Religiosa

Analisando as crises e desafios enfrentados pelas instituições religiosas e seu impacto na decisão de algumas pessoas se afastarem.

 

    A noite era densa sobre a pequena comunidade religiosa, cujas torres se erguiam como sentinelas silenciosas na paisagem. O silêncio habitual da noite foi interrompido apenas pelo sutil murchar das folhas sob o vento. Porém, nas sombras, algo mais sinistro estava se formando - uma tempestade que não vinha dos céus, mas que nascia das profundezas da própria instituição religiosa.

 

    No coração da comunidade, entre os bancos polidos e as velas vacilantes, havia um murmúrio crescente de descontentamento. Crises, como nuvens carregadas, começavam a obscurecer o firmamento da fé. Era um desafio que não podia ser ignorado, uma ferida que não podia ser escondida. Uma parcela significativa dos fiéis, que um dia haviam buscado refúgio nas palavras sagradas, agora se via perdida em um mar de incertezas.

 

    A Bíblia, que antes guiava cada passo, agora parecia uma carta de navegação confusa, e os versículos familiares adquiriam novos significados à medida que a crise se instalava. Os líderes religiosos, outrora vistos como portadores da verdade divina, agora enfrentavam o desafio de responder a perguntas espinhosas e de acalmar as tempestades que se formavam nos corações dos crentes.

 

    Era uma crise de fé, sim, mas também uma crise de confiança. As instituições religiosas, que por séculos haviam sido baluartes de estabilidade espiritual, agora viam seus alicerces abalados pelos ventos de mudança. Os escândalos, a hipocrisia, as discordâncias teológicas - tudo contribuía para minar a confiança de muitos naquilo que antes consideravam inabalável.

 

    Contudo, para entender plenamente a natureza dessa tempestade, era necessário voltar às...

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