Batismo com o Espírito Santo

"Calma, já tentou buscar ajuda? Uma igreja? Deus?" Seu olhar fixo em mim, olhos vermelhos e assustadores, respondeu: "O quê? Igreja? Deus? Você está louco? Não sabe quantas vezes entrei lá procurando ajuda, e sabe o que encontrei? Apenas histórias! Deus não é real."

 

Aquelas palavras penetraram como flechas em meu peito. Eu queria argumentar, dizer que ele estava equivocado, que Deus era real, mas fiquei paralisado. De sua boca saíam pensamentos que, secretamente, até eu compartilhava. Foi assustador, pois percebi que eu mesmo estava tão perdido quanto ele.

 

Lágrimas inundaram meus olhos, minha voz desapareceu, e afastei-me apressadamente em direção ao meu carro, segurando o choro que ameaçava se soltar. Enquanto isso, ouvia seus gritos na rua. "Você é um covarde, Jhou, um covarde!"

 

Realmente, senti-me um covarde, mas não da forma que ele insinuava. Minha covardia residia no fato de nunca ter buscado a Deus de verdade em minha vida. Cresci na igreja, mas nunca soube o que era procurá-Lo. Naquele momento, percebi que não tinha nada a oferecer ao meu amigo que tanto necessitava.

 

 Ao entrar no carro, lágrimas já escorriam pelo rosto, e um grito alto ecoou. "Deus, se você é real, se existe de verdade, e não é apenas uma história, eu vou procurá-Lo de verdade. Não quero religião, quero o Senhor!”

 

Não recordo como cheguei em casa naquela noite, apenas sei que, nos dias seguintes, mergulhei em uma busca incessante por Deus. Noites a fio, adentrei diferentes igrejas, ora orando, ora louvando, erguendo minhas mãos e absorvendo pregações. No entanto, nada.

 

Eu caçava Deus, uma busca desesperada para encontrá-Lo, ansioso por provar a mim mesmo que Ele era real, convicto de que, um dia, O apresentaria ao meu amigo.

 

Após um longo tempo de busca, sentia-me constantemente frustrado. Os sermões narravam Sua história, Seus feitos, mas parecia que eu apenas seguia trilhas, sem um encontro real. Isso me consumia.

 

Num dia de inverno rigoroso, numa terça-feira ao meio-dia, o telefone do meu pai biológico toca. Um homem do outro lado sugere: "Vamos nos reunir para orar hoje na casa de um amigo. Vai lá e leva o Jhou junto."

 

Senti um arrepio na espinha naquele instante, como se aquele convite não fosse deste mundo; algo estava prestes a acontecer.

 

Ao anoitecer, meu coração palpitava por algo maior. Uma euforia nova preenchia o ar, como se, finalmente, estivesse prestes a ter meu tão aguardado encontro com Deus.

 

Ao entrar na casa, dois casais já nos aguardavam para iniciar as orações. Duas mulheres, conhecidas de minha antiga igreja, eram comumente vistas chorando e pulando nos cultos. Uma terceira mulher, profundamente usada por Deus e repleta do Espírito Santo, nos recebeu com as seguintes palavras: "Deus manda dizer, não se preocupem com os vizinhos, nem com o que vai acontecer aqui hoje; tudo é propósito Dele."

 

Pensei, intrigado: "Essas mulheres certamente vão pular e gritar aqui hoje, que escândalo."

 

Enquanto os minutos se desdobravam, as orações começaram. Ajoelhei-me, meio escondido junto à cabeceira de um velho sofá, e comecei a falar com Deus.

 

Era uma noite gélida, mas meu corpo ardia de calor, a ponto de desejar retirar minha jaqueta. Uma vontade intensa de chorar se aglomerava em minha garganta, causando tremores incontroláveis em minhas mãos. Cheguei a considerar a possibilidade de uma febre iminente. Nada fazia sentido naquele momento.

 

Nas minhas orações, expressava a Deus minhas necessidades até que, num redirecionamento repentino, passei a adorá-Lo, exaltando Sua grandiosidade e santidade.

 

A atmosfera do lugar mudou abruptamente.

 

Antes que pudesse erguer a cabeça para compreender, já me encontrava de joelhos. Senti a mão daquela mulher, uma profetisa de Deus, cheia do Espírito Santo, tocar minhas costas.

 

Experimentei uma descarga elétrica, uma energia sobrenatural percorrendo meu corpo, levando-me a chorar como uma criança. Minhas mãos tremiam intensamente. Foi então que Deus falou comigo, utilizando a vida dela.

 

"Filho meu, quando entrou naquele carro e gritou por Mim? Perguntou se Eu era real? Disse que Me procuraria? Hoje, você Me encontrou."

 

Um grito ecoou naquela casa. Em um instante, vi todos os meus pecados diante dos olhos, e a urgência de pedir perdão por cada um deles tomou conta de mim. Não me importei com quem estava por perto; falei em alta voz.

 

A presença tangível do Espírito Santo estava ali, sentida com clareza absoluta. Parecia que Deus estava diante de mim, e eu não ousava levantar a cabeça. Meu coração ardia de amor pelo Senhor. Pensei, por um instante, que morreria no meio daquela glória, mas não temi. Tive a certeza de que aquele lugar, naquele momento, era o mais incrível que já vivenciara, o Santo dos Santos, superior a vazios, vícios, uma presença viva de Deus.

 

A mulher continuou profetizando em minha vida, revelando detalhes íntimos que só eu conhecia, e não havia dúvida de que era o Espírito Santo falando comigo, usando aquela pessoa.

 

Naquela noite, gritei, chorei ininterruptamente por horas, dancei com o Espírito Santo enquanto Sua glória enchia toda a casa, envolvendo todos os presentes em um temor espiritual profundo. Fui o motivo pelo qual Deus alertou no início para não se preocuparem com os vizinhos. Fui batizado no Espírito, numa glória que certamente nunca esquecerei.